Indicado a vários Oscar a obra conquistou apenas o de melhor roteiro. O filme em si é uma envolvente história de investigação policial baseada no livro Black Klansman – Race, Hate, And The Undercover Investigation Of A Lifetime. O filme começa com um homem negro que entra para o departamento de polícia por meio de uma campanha de inclusão. A partir daí acompanhamos sua luta por reconhecimento profissional e também para suportar estoicamente o racismo incrustado no departamento de polícia local. Nessa busca por realização pessoal ele acaba aceitando trabalhar como X-9 infiltrado numa palestra do movimento negro estudantil. Lá ele conhece a líder do sindicato estudantil e começa a perceber há algo mais que ele possa fazer pelos negros além de ser um policial afro-americano somente. E é nessa hora que ele entra em contato com a Ku Klux Klan e começa sua aventura.
E a aventura não é prender os racistas, mas sim descobrir como se encaixar na polarização que existe ao seu redor. O protagonista não concorda com o mundo como é, mas também não concorda com a forma como o sindicato estudantil pensa. Entre essas duas forças antagônicas e beligerantes ele busca criar o seu próprio caminho seguindo a jornada do herói. As atuações são muito bacanas, mas nada que mereça uma premiação qualquer. Destaque para as brincadeiras de Spike Lee com o cinema, tais como Alec Baldwin na abertura do filme em que assistimos ele sendo filmado numa sala escura com uma projeção de cinema em cima de sua pele. Ou a discução entre o protagonista e seu interesse amoroso sobre filmes blaxpoitation e seus impactos, O nascimento de uma nação (1915) aparece duas vezes. Sendo referenciado quando um idoso conta a história de como fugiu de um linchamento e na cerimônia de batismo dos novos membros da Klan quando os espectadores vão ao delírio com as barbaridades racistas projetadas na tela. Mas o que eu diria que é o ápice do filme são as imagens finais que o diretor resolveu levar à tela. Não são imagens ficcionais. Saõ retalhos de reportagens. Cenas de uma violência explicita e real. Nessa hora Spike Lee deixa o humor de lado e e dá na cara do espectador com o racismo atual que existe nas terras yankes. Nessa hora a Liz já estava aos prantos. E eu tentava diminuir a tensão causada pelas cenas exibidas.
Pra quem conhece as frases que o presidente Trump usou em sua campanha eleitoral o filme é cheio de referências, América first, Make America great again, America for americans e por aí vai. Você assiste e fica assim, não tem como isso não ser intencional.
Resumindo tudo, assista assim que for possível.